sábado, 7 de março de 2009

Eu te amo, mas não posso fazer-te feliz...

Ele enunciou aquela frase como quem diz "bom dia" ou fala sobre as estampas novas do papel de parede da sala. O tom casual a fez pensar que fosse brincadeira, alguma demonstração de afeto disfarçada em falsa modéstia. Típico dele, ela riu-se.
- Não seja bobo. Claro que...
- Falo sério. Não posso fazer-te feliz.
- E por quê?
A voz ligeiramente trêmula traiu a calma que ela tentava ostentar ante o silêncio cabisbaixo do companheiro (ou ex companheiro, pelo que as palavras dele sentenciavam). Tentou recordar os conselhos do terapeuta holístico. Tudo vai ficar bem, tudo vai ficar bem, tudo vai... Não! Se nada estava bem, dificilmente as coisas melhorariam! Ela sabia. Ela podia sentir. A felicidade dos últimos meses era tão intensa lhe parecia imerecida, fugaz, como se, num belo dia, fosse abrir a janela e sumir numa nuvem diáfana. Maldita intuição! A moça nunca desejou tanto não estar sempre certa.
"Eu te amo, mas não posso fazer-te feliz". Onde aquela mente insana fora buscar uma frase dessas? Era incoerente, controversa, cruel, absurda, e outros adjetivos e impropérios que ela poderia desatinar por horas a fio. Mas a urgência da questão não permitia perder tempo. Raciocinar era um luxo que só lhe era concedido por ser irrefreável. Como ele ousava?
- Como você pode saber se nem ao menos tentou? Se nem ao menos tentamos?
- Eu sinto. Eu só... Sinto.
Bandido. Ele a havia feito deixar seu lugar, munida apenas de incerteza, esperança, dúvida e amor, que ela julgava correspondido. Apenas passagem de ida e muitos sonhos na bagagem. E, mal o sol havia se posto duas vezes, ela já encontrava razões para voltar. E aqueles dois dias de carinho incontido? E as promessas de reencontro que ele fizera quando a deixara? E os pormenores que eu desconheço, mas sei não serem desimportantes ao coração da moça? Ah, a moça. Ela retornou ao lar. Retornou aos braços de seus amores incondicionais apesar de nem sempre presentes. Relatou a eles o seu pesar, molhou colos e braços com as suas lágrimas sentidas. Inspirou num coração a vontade de escrever, de relatar aquele desengano, deixando aos leitores o benefício da dúvida. Verídica ou não, eis a história do dia.

6 comentários:

Marcel H. Leite disse...

Muito legal, Moça =)

Nem invente de não escrever mais, oras. xD

=**

crap disse...

o lance é ir com passagem de ida e volta.
errado é entregar-se assim por completo pra outro ser que nunca pediu, aposto, que se dessem tanto.

Marden Linares disse...

Precisa-se voltar maninha.
A luta continua até o dia em que a morte, a unica musa que um dia vai nos dar bola, resolver ceder aos nossos encantos...

Do nada para o nada! disse...

Ludmila, fiquei muito feliz ao ver o seu blog. Ele é lindo e ecologicamente correto, né?! Pelo fundo preto... Risos. O título, o layout, tudo. Tudo está perfeito. Parabéns.

Além disso, você escreve muito bem. Atualize sempre, não pare, mesmo diante das tentações do intelecto e das coisas da vida.

Vi você na TV, dia desses. Por acaso, você também é acadêmica de direito?

Abraço.
Isolda.

www.isolda.blogger.com.br

www.malajornalistica.blogger.com.br

Assinei com a conta do meu namorado. Obs: você deveria permitir que qualquer pessoa comentasse, independente de contas no google etc e tal. Beijoooo.

Laís disse...

Eu voto em parcialmente verídica.
E eu voto assim pq todo mundo do mundo tem uma história quase assim, eu penso.

E o texto me lembrou o estilo do PV ^^

=**

nelson netto disse...

conheço uma história parecida...