quarta-feira, 23 de setembro de 2009

See ya.

Pensei em dizer milhares de coisas naquele momento, que eu sabia ser o último a poder ser chamado de nosso - em que eu era tua e você era meu. Eu procurava palavras, palavras que não soassem estúpidas, piegas ou que não te fizessem julgar-me louca. Foi inútil. Elas que sempre me foram a companhia mais insistente eram também traiçoeiras e fugiam-me quando eu as procurava ansiosamente, beirando o desespero de quem não quer ser esquecido.
Diante do peso daquele momento, o último de tão poucos, emudeci.
A vida é traçada à régua e compasso pelo milenar ritual do princípio, do meio e do fim. Nada pode fugir a essa regra. E ainda assim pareceu-me tão estranho que nosso destino fosse o 'nunca mais', simples e definitivamente. Aquele adeus era prematuro demais para ser real, meu bem... Eu queria te ver de novo. E não sei se há alguma explicação compatível com o sentimento que você me forçou a criar, de forma tão rápida, tão inesperada.
Mas você me disse, a expressão nos olhos escuros quase idêntica à minha, "não é um adeus. É um até logo. Eu volto. Tenho certeza que volto. Está bem?". Eu ri meu riso que era ao mesmo tempo descrente, triste, encantado, e aquiesci.
Talvez você volte mesmo, não tenho dúvidas. Mas talvez o 'nós' que existiu fique encerrado no nosso adeus, para sempre.
O vento marinho açoitava meus cabelos e uma chuva fina e gelada nos cobriu. Você segurou meu rosto como se segurasse algo muito delicado, contornou meus lábios com suavidade e me beijou.
"See ya", você sussurrou.
Fiquei com seu gosto na boca pelo resto da noite.