Do que entendemos bem é o desperdício, meu amor... Só disso.
Por que ao invés de travarmos essa discussão, de tecermos acusações com um ímpeto assustador, tirado sabe-se lá de que recanto do corpo e, depois de tudo, chorarmos lágrimas exaustas mais por atirar (feito projéteis) nossa mágoa um no outro que por real vontade de derramá-las, você simplesmente não me leva pra casa e diz que esse é o preço que pagamos por misturar nossas vidas?
Mas não... Você proclama sua capacidade de estar sempre certo e a gente perde um tempo que não tem. Essa luta é vã e não faz sentido, meu amor. Se há uma guerra entre nós dois, não há como haver vitórias – porque a tua derrota é a minha e vice-versa, assim deveria ser. Por que ao invés de toda essa saliva gasta à toa, você simplesmente não me deita ao teu lado e me diz que não consegue entender por quê não me deixa?
Você não entende que é nas tuas mãos que está a calmaria dessa tempestade? Que nas tuas mãos está a paz, a guerra, a incansável arte de me fazer te querer? Que estou eu, nas tuas mãos? Mas você não sabe o que dizer. E nessa de procurar as palavras certas, ou as mais letais, estraga tudo. Antes que eu esteja a milhas daqui, me leva pra casa. Diz que não me suporta, mas que é assim, insuportavelmente, que você precisa de mim.
Anda, me leva pra casa. Me mostra essa tua capacidade de querer tudo ao mesmo tempo em que encontra a felicidade no nada, no fazer nada. Me olha com esses olhos de insônia e me atira na face que eu não mereço nada de bom e que, por isso, nós nos merecemos. Me tateia inteira, se quiser, e brada no escuro que não há sequer um pedaço meu que não tenha tuas digitais impressas.
Antes que, nesse rio amargo, sejamos dois navios de guerra, afundando, agora ou nunca, antes que pareçamos mais náufragos que desbravadores, mais mortos que vivos, mais ódio que amor. Antes que seja tarde demais e os navios se quedem submersos no nosso ego apaixonado. Anda, me leva pra casa, como a estrela ferida do filme... Porque eu sei viver sem você, mas não gostaria de me submeter a isso. Porque eu não te suporto e é por isso que te amo tanto.
8 comentários:
interessante ver coisa nova aparecendo por aqui. Mesmo baseado em uma música, o próprio texto acabou parecendo uma música romântica e ao mesmo tempo sincera, como são os sentimentos mais humanos.
Super me identifiquei mesmo!
Eu não sabia que era assim, mas os melhores amores estão de mãos dadas com o ódio, a mágoa e o rancor. E mesmo assim, juntos.
Lindo!
Não sei porque, mas me identifiquei muito com o texto. Lindo lindo!
Sensível e humano!
Parabéns Divaaannn!
(L)
"Battleships" tem mesmo uma descrição pungente do amor depois daquelas loucuras mútuas de início. São dois barcos afundando num mar de amor e ódio. Um exercício bem interessante esse seu.
Ficou legal, mana.
Ta no nivel da musica.
"Você não entende que é nas tuas mãos que está a calmaria dessa tempestade?"
Aaaah como eu entendo Ludmila! Muito bem garota, seu texto acabou de me deixar sem ar.
curti. competente como sempre. e a tua cara.
sensacional, ludão. gostei do tema.
é algo que sempre abordo nos meus textos, e gostei da simplicidade que você tratou o "ficar junto" do texto. é disso que se trata, afinal.
beijo.
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