sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Arquivo Permanente

(Eu sei que havia dito, no post anterior, que passaria a falar sobre a realidade. Se me permitem, vou adiar um pouco a dita cuja. Por motivos de força maior, postarei um texto relativamente antigo. Aliás, em arquivologia, o termo 'arquivo permanente' é utilizado para especificar documentos que possuem valor histórico, probatório, informativo e de investigação. Pra mim, é um pouco de tudo isso...)


Eu escrevo. Um escrever assim, sem razão, vomitar o que comprime o peito e só. Um escrever que me leva de encontro à agonia em perceber

o quão supérfluas e insuficientes se tornam as palavras pra dar sentido ao que o coração teima em sentir a cada pulsar. Eu escrevo e de nada me adianta... A agonia não passa, a solidão persiste, o silêncio me amortece. Porém, algo tão etéreo quanto essas desesperadas emoções me impulsiona a escrever... já não sou dona de mim. Estou contida nas palavras e as palavras me contém.

Escrevo como que para prestar contas do tempo perdido. Escrevo na esperança de, quem sabe um dia, passar os olhos por essas linhas novamente e rir do meu antigo drama, com a nostalgia de quem já convalesceu estampada nos olhos.

Eu escrevo... Como se devesse a mim mesma essa empreitada. Como se tudo fosse mudar ao longo destas linhas... Mas nada muda. Ainda estou viva. E você, alvo das palavras, alvo do coração, desfila no mundo, tão perto de mim e ao mesmo tempo tão longe...

Eu escrevo como se essas linhas fossem te conjurar para perto de mim... para perto do meu coração.


11 comentários:

Tay disse...

Prova viva que somos iguais. Nos entendemos, nos completamos. Sabemos exatamente o que há no coração da outra, né? :3

Anônimo disse...

prova viva que somos iguais(2)

e somos tão diferentes, vc sabe quão instavel eu sou, não conseguiria congelar um escrito por tanto tempo...

Amo te ler e reler... me sinto (pelo) amor-tecido

Rivison disse...

"Como se devesse a mim mesma essa empreitada". Afinal, é oq define as pessoas q escrevem, né? Um desabafo no papel em branco ou no documento em branco do word... Belo texto, mocinha, vc consegue ser pessoal e ao mesmo transpor em detalhes oq quer dizer. Bjo.

Anônimo disse...

Escever de nada adianta, mas é uma ótima fuga. Se bem que, no seu caso, escrever adianta sim. Se você não escrevesse, a gente não teria oportunidade de ler textos tão bons. Eu, particularmente, adorei esse, me identifiquei.

nelson netto disse...

Gostei muito!
Acho que dos que eu mais gostei.

A necessidade de escrever, o irreprimível desejo de evocar palavras, para que no fim sejam apenas palavras...

"já não sou dona de mim. Estou contida nas palavras e as palavras me contém."

foda!

crap disse...

e continue fazendo. para que todo mundo um dia queira comer a gente. (e que fique claro que ninguém vai me comer)

Bianca Liberatori disse...

Lud... adorei!!!
"Como se tudo fosse mudar ao longo destas linhas... Mas nada muda. Ainda estou viva. E você, alvo das palavras, alvo do coração, desfila no mundo, tão perto de mim e ao mesmo tempo tão longe..."


Porra... isso descreve tantas coisas.
me arrepiei, confesso.

Larissa disse...

Eu gostei e muito daqui. :)

Daniela Filipini disse...

que profundo, bem lindo! =)

Tony disse...

Eu vomito demais no blog... haha.

Maria Liu disse...

Oii, obrigada pelo comentário, e pela força.

Infelizmente não é bem assim como vc pensa, uma fase de revolta com a minha família, ou estar somente chateada.

Eu só estou triste, porque sempre foi assim (os estranhos e eu). Eu só me sinto péssima por saber que, se um dia mudar, será em um futuro bem distante.

Novamente, sempre foi assim. Só que isso me afeta de tempos em tempos. Como, por exemplo, nos últimos dias.

Mas tá bom, chega de lamentações. Perdão por me prolongar tanto.
Obrigada pela visita, volte sempre.

Ah! Adorei o texto.

=*