Fim, ele disse. Fim, eu concordei. E atalhei que o fim dele era diferente do meu. Meu fim não permitia concessões. Era absoluto. Senti a vontade dele vacilar e meu íntimo espelhava o mesmo quadro. Não era aquele fim que eu queria. Na verdade nenhum fim chegava perto do que eu queria, porque eu não queria fim nenhum. Mas se fim era o consenso, que fosse do meu jeito.
Findamos. Ele se foi, triste como quem acaba de decretar o fim de algo. Eu fiquei, triste como quem acabou de ouvir o decreto da própria morte. E o expulsei da vida. Mas não de mim. Em mim ele ficou e eu me pus a contar o tempo feito compassos de valsa, um dois três, um dois três. O tempo descompassou, meu coração perdia a velocidade. Comecei a pensar se o fim dele se estenderia a mim. Se ele podia nos findar e tentar outros inícios, por que eu não conseguia findá-lo dentro do coração?
Um dois três, um dois três.
Uma pausa de mil compassos, por favor.
Já não havia mais acordes praquela valsa desajeitada. E olha que eu a considerava minha masterpiece. Mas o compositor sabe quando tem de parar, quando as dissonâncias fazem doer os tímpanos e quando as repetições criam em qualquer ouvinte o desejo do silêncio. Escrevi a nota final e mudei de partitura. E de clave.
12 comentários:
Outro texto lindo, não é? =P Cada vez você encontra um jeito novo de tratar desse tipo de sentimento com palavras inesperadas. Meus parabéns.
Poxa, ficou bacana.
Curtinho e expressando o que precisava em poucas palavras.
Lud, adorei o texto!!!!!!!!
Eu sou meio "lento" pra entender esses textos mais profundos (pergunte pro Lenadr e pro Hiago sobre nossas "discussões" a respeito dos textos mais "cabeça" dos blogs deles!), mas você escreveu de uma forma tão clara que torna impossível não captar o que você quis dizer, o que você estava sentindo e etc etc (profundo, hein?!?!?! =D)
Bj
Onde se lê "Lenard" leia "Leandro" (tudo a ver um com o outro, hein?!?!? =D)
Chega uma hora que a gente tem que mudar de ritmo, de melodia, de música, de instrumento, de tudo...
Até a dança e o compasso precisam ser modificados pra sempre talvez.
Que milagre é esse que o texto foi pequeno? kkkkkkkkkkkkkkk (a) Adorei! Ainda quero descobrir como você faz pra escrever assim, tão bem :X
Destoar da música é bem normal. É só pegar, novamente, o compasso depois. =)
Belo texto, Moça =)
Faz parte da vida.
Seu texto me lembrou alguns momentos meus...
gostei!
você foi breve e precisa.
=**
Me emocionei. Chorei um pouquinho. Lembrei oq não queria lembrar e senti oq pensei não sentir mais...
Vc escreve bemprakraleo!
mudar é sempre bom. gosto dos teus textos, lud. apesar de eu demorar a ler teus textos, eu gosto deles mesmo.
é que vc é a mulher que parece saber que mulher é foda... que faz um mal da porra e ainda assim é algo que o homem gosta. é algo assim.
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