(Eu sei que havia dito, no post anterior, que passaria a falar sobre a realidade. Se me permitem, vou adiar um pouco a dita cuja. Por motivos de força maior, postarei um texto relativamente antigo. Aliás, em arquivologia, o termo 'arquivo permanente' é utilizado para especificar documentos que possuem valor histórico, probatório, informativo e de investigação. Pra mim, é um pouco de tudo isso...)
Eu escrevo. Um escrever assim, sem razão, vomitar o que comprime o peito e só. Um escrever que me leva de encontro à agonia em perceber
o quão supérfluas e insuficientes se tornam as palavras pra dar sentido ao que o coração teima em sentir a cada pulsar. Eu escrevo e de nada me adianta... A agonia não passa, a solidão persiste, o silêncio me amortece. Porém, algo tão etéreo quanto essas desesperadas emoções me impulsiona a escrever... já não sou dona de mim. Estou contida nas palavras e as palavras me contém.
Escrevo como que para prestar contas do tempo perdido. Escrevo na esperança de, quem sabe um dia, passar os olhos por essas linhas novamente e rir do meu antigo drama, com a nostalgia de quem já convalesceu estampada nos olhos.
Eu escrevo... Como se devesse a mim mesma essa empreitada. Como se tudo fosse mudar ao longo destas linhas... Mas nada muda. Ainda estou viva. E você, alvo das palavras, alvo do coração, desfila no mundo, tão perto de mim e ao mesmo tempo tão longe...Eu escrevo como se essas linhas fossem te conjurar para perto de mim... para perto do meu coração.